quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Manifestação em Petrolina junta mais de 15 pessoas

Por Raimundo Mascarenhas
 Cerca de 15 mil pessoas, segundo estimativa da policia militar de Pernambuco, participaram hoje de uma grande mobilização na cidade de Petrolina neste momento, mas a manifestação teve inicio por volta das 09h30 horário de Brasília na vizinha cidade de Juazeiro – BA. O ato foi mobilizado pela Articulação do Semi Árido (ASA)  para dizer não a decisão governo federal que não tem pretensão de renovar o Programa de construção de cisternas e iniciou a distribuição de cisternas fabricadas a base de PVC.
A grande quantidade de pessoas debaixo de sol forte saiu da Orla Nova na cidade de Juazeiro por volta das 10h horário de Brasília e portando faixas, cartazes, apitos e carros de som “invadiram” toda extensão da Ponte Presidente Dutra que liga as duas cidades. A grande multidão não teve pressa para deixar a ponte e acabou provocando grande congestionamento nos dois sentidos.
“ Essa manifestação não combina com esse povo, parece que estamos protestando como no passado com os governos Collor e FHC, saber que essa nossa luta é para mudar a idéia de Dilma eleita pelo partido que defendemos durante todo tempo, não da para entender.Nós lutamos pela política para a convivência com o semi árido tivemos uma grade conquista com a implantação do Programa 1 milhão de Cisternas que mudou a realidade do semi árido  com água para o povo e geração de emprego e renda, der repente vem essa proposta de suspender a parceria de passar a distribuir cisternas plásticas (PVC), fato que fere a honra do agricultor e das famílias que sofreram ao longo dos anos” . Esse foi o desabafo do jovem produtor rural Luiz Cláudio da cidade de Itapipoca no Ceará.
O ato foi motivado pela declaração do Ministério de Desenvolvimento Agrário – MDS de que o aditivo já anunciado e publicado no Diário Oficial da União, para continuidade dos programas da ASA (P1MC e P1+2), não será concretizado, sob a argumentação de que o Governo está revendo seus arranjos para o Plano Brasil sem Miséria.
A cidade de Petrolina foi escolhida para sediar o evento devido tanto à localização geográfica, que permite concentrar um grande número de pessoas de outros estados do Semiárido, como pela história de luta de diversas organizações da região.
Enquanto a Articulação no Semiárido Brasileiro (ASA) reivindica os recursos previstos para a continuidade de suas ações, o governo federal vai investir R$ 1,5 bilhão na instalação de 300 mil cisternas de plástico. O valor gasto pelo governo corresponde a mais que o dobro do que a ASA gastou para construir 371 mil cisternas de placas no Semiárido.
Cada cisterna de plástico custa aos cofres públicos R$ 5 mil, segundo informou o Ministério da Integração Nacional numa reunião com representantes da ASA, em Brasília.  A cisterna de placa custa R$ 2.080,00. No Programa Água para Todos, além das 300 mil cisternas de plásticos, serão construídas 450 mil de placa.
Aqui os manifestantes já planejam ir a Brasília, pois o movimento ganhou muita motivação, já que, em menos de oito dias para articular essa gente e que estava sendo aguardado a presença de  10 mil compareceram mais de 15 mil pessoas.

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Campanha contra cisternas de plástico ganha força no Semiárido

  A campanha “Cisternas de Plástico/PVC – Somos Contra!” está ganhando cada vez mais força e capilaridade no Semiárido brasileiro. A discussão sobre as cisternas de plástico se irradia através das comissões municipais, formadas por, no mínimo, três organizações da sociedade civil em cada um dos 1.076 municípios que a ASA atua. O assunto também ocupa espaço privilegiado nas reuniões das organizações gestoras dos programas executados pela rede.

   Na Bahia, por exemplo, “as comissões municipais e microrregional de água avaliam que é importante estarem inseridas nesse debate, mobilizando e travando ações contra a implantação dessas cisternas. É papel da comissão levantar questões, discutir e gerar ações que impeçam a continuidade dessa proposta”, destaca um texto produzido pela organização MOC, que atua na região sisaleira do Semiárido baiano.


   Em Pernambuco, a ASA Estadual decidiu pela realização de um ato público, no dia 25 de janeiro, em Petrolina. Já no Ceará, foram produzidos dois spots sobre a campanha para divulgar nas rádios das zonas rurais para informação e mobilização das famílias agricultoras. Em Sergipe, está sendo realizado um abaixo- assinado para ser encaminhado para o poder público e foi divulgada uma carta de repúdio às cisternas de plástico.

  Em nível nacional, a ASA lançou uma estratégia de divulgação da campanha nas redes sociais.  Quase cem pessoas já curtiram a campanha no Facebook e dezenas de pessoas compartilharam e deixaram comentários na página. No dia 15 de dezembro a Articulação realiza o dia de mobilização nas rádios contra as cisternas de plástico. A ideia é que cada organização ocupe pelo menos uma rádio na sua região para falar sobre a campanha.

  Durante o encontro com as novas organizações que vão executar os programas da ASA, que terminou hoje (7), em Moreno –PE, foram distribuídos CDs com spots da campanha para que as organizações possam iniciar a articulação nas rádios. 

  A instalação das cisternas de plástico no Semiárido representa para a ASA um enorme retrocesso de uma importante conquista das famílias agricultoras nos últimos 11 anos: o direito à água de qualidade. Em um pouco mais de uma década, as ações da ASA em parceria com a iniciativa privada, governo federal e organizações da cooperação internacional, foram responsáveis pela construção de mais de 500 mil cisternas de 16 mil litros.

  As cisternas de plástico custam o dobro das de placa e, por chegarem prontas para as famílias, não movimentam a economia local como as de placa, cujos materiais são adquiridos na região e são empregadas pessoas das comunidades capacitadas para a construção da tecnologia.

   “A cada mil cisternas construídas, são injetadas R$ 20 milhões no mercado local”, salienta panfleto de divulgação da campanha. As cisternas de PVC, por sua vez, serão fabricadas e transportadas por empresas. Sem falar na menor durabilidade do plástico e possibilidades de causarem riscos à saúde das famílias que vão consumir a água.


Verônica Pragana - Asacom 07/12/2011